Neste encontro, houve a participação especial da Carolina Brito, professora adjunta do Instituto de Física da UFRGS. Algumas das atividades realizadas pela professora são a coordenação do Programa de Extensão "Meninas na Ciência" (UFRGS), a participação no grupo de trabalho sobre questões de gênero, ligado à Sociedade Brasileira de Física e o podcast Fronteiras da Ciência. Neste dia, Carolina ministrou duas palestras: na primeira, a mesma abordou o tema "Mudanças climáticas no planeta terra": Evidências e
impactos na vida de seres vivos. Neste momento, além dos participantes do projeto, ocorreu também a presença dos demais professores e alunos do ensino médio do Campus IFRS-Farroupilha. Esta apresentação foi dividida em cinco principais tópicos:
- Evidências das mudanças climáticas (além das fotos): aumento na temperatura média global, elevação do nível dos oceanos, acidificação dos oceanos, diminuição do gelo marinho Ártico, dos mantos de gelo e dos glaciares, aumento da incidência de eventos extremos (secas prolongadas, chuvas de granizo, ciclones, etc.);
- O que está causando as modificações no clima do planeta: alguns dos fatores que tem algum impacto são a órbita da terra, o ciclo solar, os vulcões, poluição com ozônio, desflorestação, poluição com aerossóis. Já os fatores que impactam grandemente o balanço energético da terra, e com isso provocam as alterações climáticas, são o efeito combinado dos gases de efeito estufa com as ações do homem: em menos de 200 anos (desde a revolução industrial) duplicamos a emissão de CO2 na atmosfera, quando comparado com o valor dos últimos 120 mil anos;
- Consequências: diminuição da salinidade (modificação das correntes marítimas), alteração do albedo (desbalanço energético da terra), aumento do nível do mar (a previsão é que aumentará ~50 cm até o ano 2100, elevando os riscos de inundação costeira), alterações da fauna e flora (estima-se que, hoje, 1 em cada 12 espécies pode ser extinta por causa das mudanças climáticas, e se mantivermos a mesma taxa de emissão, esse número será de 1 em cada 6 espécies);
- O que fazer: reconhecer o problema, mitigá-lo (reduzir as emissões gasosas de efeito estufa - com o uso de energias renováveis - redução do consumo, reciclagem e reutilização de bens e matérias-primas, por exemplo), adaptar-se (melhorar as tecnologias de previsões de catástrofes, investir em sementes adaptadas, infraestrutura, etc.) e militância (lutar por políticas e governantes que implementem leis que incentivem e colaborem para a redução do problema);
- Mensagem para levar para casa: o clima da terra sempre variou e as espécies são extintas naturalmente o tempo todo; O problema destas mudanças climáticas é que elas estão acontecendo muito rapidamente, sem que as espécies tenham tempo de adaptação; Principal causa desta rápida alteração: o excesso de CO2 que estamos lançando na atmosfera desde a revolução industrial → provocando um excesso de efeito estufa.
Finalizada a primeira etapa, os participantes do projeto, tiveram um momento de confraternização e, em seguida, reuniram-se com Carolina para a segunda apresentação, intitulada: "Há poucas mulheres na ciência? Por quê? Para que mais?". Nesta palestra, Carolina abordou tópicos, como:
- A perda da auto-estima que, vai ocorrendo ao ao longo do crescimento: por exemplo, aos 5 anos de idade, quando perguntados sobre quem é mais inteligente, meninos ou meninas? Meninos respondem: "meninos" e meninas respondem: "meninas". Já aos 7 anos de idade, quando realizado o mesmo questionamento, meninos e meninas respondem que os meninos são mais inteligentes. Outro exemplo, quando pesquisado no google o termo "meninas no laboratório", o primeiro resultado retornado é "limpar o laboratório - jogos para meninas".
- Efeito tesoura: durante a escola, na escolha da carreira e ao longo da carreira: por exemplo, o percentual de bolsistas mulheres do CNPQ de ensino médio é de aproximadamente 40%. Na graduação esse valor cai para 35%, no mestrado e doutorado a 20% e por fim no topo da carreira, apenas 10% são mulheres. Algumas causas para o efeito tesoura:
- "Beliscões" do dia-a-dia: comentários de professores, amigos e familiares, como: "mulher só entra na faculdade para arrumar marido", "mulher gosta de apanhar", "tem que ser uma mulher como monitora do laboratório para arrumar essa bagunça", etc.;
- Viés inconsciente: em um experimento realizado nos EUA, foram elaborados dois currículos: ambos contendo a mesma formação, cursos e experiências. Porém, em um deles foi colocado um nome masculino e no outro, um nome feminino. Estes currículos foram, então, encaminhados para diversos avaliadores (homens e mulheres) e esses deram os seguintes pareceres: o candidato masculino era mais competente, ágil e com maior poder de liderança e este, teve propostas salariais 20% maior do que a participante fictícia (mulher), que continha o mesmo currículo.
- Educar a mulher transforma a sociedade:
- Redução da natalidade: nos países em que as mulheres estudam por mais tempo, o número médio de filhos por mulher é bem menor;
- Maior eficiência no mundo empresarial: neste, a eficiência é medida em lucro, ou seja, onde há maior diversidade (mulheres, negros, homossexuais, etc.), há mais lucro. Isso porque, existe uma maior variedade de opiniões, experiências, necessidades, etc.
- Maior excelência: maior probabilidade de encontrar pessoas altamente capacitadas e habilidosas, que podem provocar grandes mudanças e impacto no mundo.
- O que fazer para resolver o problema: ações para conscientização da existência do problema (teatros, podcasts, palestras), prêmios para mulheres nas ciências (Loreal, Carolina Nemes, etc.), editais para atrair mulheres para ciência (chamadas CNPq, Fundação Carlos Chagas, ONU mulheres, entre outros), iniciativas de divulgação (como o projeto meninas nas ciências, vídeos motivadores, etc.).
No fim da apresentação (Figura 2), ocorreu um momento de troca de ideias entre as participantes do projeto, professoras e a palestrante. Algumas participantes compartilharam situações em que já se sentiram discriminadas ou presenciaram esse tipo de acontecimento, e o preconceito com atividades e comportamentos que ainda são considerados como sendo de meninos.
Figura 2: Momento de bate-papo sobre algumas dificuldades encontradas no dia-a-dia pelo fato de se ser mulher. |
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